A partir desta segunda-feira, 9 de setembro de 2024, funcionários de diversas agências da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil em várias regiões do Brasil iniciaram uma greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada após a rejeição da proposta salarial apresentada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que os trabalhadores consideraram insuficiente para cobrir as perdas inflacionárias e atender às suas reivindicações.
Estados Atingidos pela Greve
As agências bancárias de vários estados já confirmaram adesão à greve, e outros sindicatos ainda estão deliberando sobre a paralisação. Veja a situação em algumas regiões do país:
- Maranhão: Bancários da Caixa, Banco do Brasil e Banco da Amazônia aderiram à greve com início marcado para 10 de setembro de 2024.
- Bahia: Funcionários do Banco do Brasil e da Caixa irão realizar uma assembleia virtual para votar a deflagração da greve, com votação eletrônica marcada para o mesmo dia.
- Campinas e Região: O Sindicato dos Bancários convocou os funcionários do Banco do Brasil para uma nova assembleia nesta segunda-feira (9), onde decidirão entre iniciar a greve na quinta-feira (12) ou aprovar o acordo coletivo.
- Rio Grande do Norte: O sindicato local já confirmou a paralisação, que também foi anunciada pelas redes sociais.
Esses estados representam apenas parte do cenário nacional, com outros sindicatos de regiões diferentes também debatendo se devem aderir ao movimento grevista.
Motivos da Greve
O principal motivo da paralisação é a insatisfação com a proposta de reajuste salarial apresentada pela Febraban. De acordo com os sindicatos, o reajuste oferecido não cobre a perda do poder aquisitivo dos trabalhadores, especialmente diante do aumento da inflação e das demandas crescentes no setor bancário.
As principais reivindicações dos bancários incluem:
- Reajuste salarial acima da inflação;
- Melhoria nas condições de trabalho;
- Ampliação dos benefícios, como planos de saúde e vale-alimentação;
- Aumento da participação nos lucros e resultados (PLR);
- Contratação de mais funcionários para aliviar a sobrecarga de trabalho nas agências.
Propostas da Febraban
A Febraban apresentou uma proposta que foi amplamente criticada pelos trabalhadores. Entre os principais pontos, destacam-se:
- Reajuste salarial de 4,64% para 2024, com aumento real de 0,7%;
- Aumento de 15% nos pisos salariais;
- Oferta de 3.000 vagas de formação para mulheres na área de Tecnologia da Informação;
- Reajuste de 8% na verba de requalificação, passando para R$ 2.285,00.
Os bancários argumentam que esses valores são insuficientes para compensar as perdas salariais causadas pela inflação e para melhorar as condições de trabalho nas agências, que estão sobrecarregadas.
Propostas dos Bancos
Além da proposta geral da Febraban, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal também apresentaram suas propostas específicas para os funcionários, buscando firmar um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Confira as principais propostas de cada banco:
Banco do Brasil
- Participação nos Lucros e Resultados (PLR): Limite de até sete salários por ano.
- Criação de 4.000 novas vagas para funções com jornada de 6 horas e 2.700 vagas para cargos de 8 horas.
- Aumento no valor de referência dos cargos de assistente, impactando 4.000 funcionários.
Caixa Econômica Federal
- Licença-maternidade estendida, permitindo que até 60 dias sejam transferidos para o pai.
- Flexibilidade de jornada, com possibilidade de redução de carga horária para acompanhamento de dependentes.
- Retorno das funções de caixa e tesoureiro com jornada de 6 horas.
- Contratação de até 500 novos empregados.
Apesar das tentativas de negociação, os funcionários consideraram essas propostas insuficientes, resultando na greve.
Impacto da Greve para os Clientes
A paralisação poderá afetar o atendimento em diversas agências do país, principalmente nas regiões onde os sindicatos decidiram aderir à greve. Entre os serviços que podem sofrer com a greve estão:
- Atendimento em agências: Redução no número de funcionários pode resultar em longas filas e atrasos no atendimento presencial.
- Transações bancárias: Clientes podem enfrentar dificuldades para realizar transações que dependem de atendimento em agências, como saques, pagamentos e transferências.
- Negociações e empréstimos: Processos de financiamento, renegociações de dívidas e outros serviços similares podem ser impactados pela falta de funcionários nas agências.
O que Esperar dos Próximos Dias
A paralisação bancária de 2024 tem potencial para afetar profundamente o sistema financeiro do país, uma vez que envolve duas das maiores instituições financeiras públicas do Brasil. A tendência é que outros sindicatos regionais também realizem assembleias para decidir sobre a adesão ao movimento, ampliando o impacto da greve.
O Comando Nacional dos Bancários tem pressionado a Febraban por uma nova proposta que contemple as demandas da categoria, mas até o momento, não há previsão de um acordo imediato. A greve poderá se estender por semanas, dependendo do avanço nas negociações.
Como os Bancários Avaliam a Situação
De acordo com líderes sindicais, a proposta da Febraban está longe de atender às necessidades da categoria. O Comando Nacional dos Bancários recomendou que os trabalhadores rejeitassem a oferta, argumentando que a proposta de aumento real de 0,7% é irrisória diante da perda do poder de compra nos últimos anos.
Além disso, a insatisfação não se restringe apenas aos salários. Muitos funcionários têm reclamado da sobrecarrega de trabalho, especialmente nas agências da Caixa Econômica Federal, onde há uma demanda crescente por serviços sociais, como o Auxílio Brasil e programas habitacionais.
A greve nos bancos iniciada em setembro de 2024 representa uma importante mobilização dos trabalhadores do setor bancário em busca de melhores condições de trabalho e reajustes salariais mais justos. Com a adesão de funcionários da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, a paralisação tem o potencial de impactar o atendimento em diversas regiões do Brasil, especialmente em estados como Maranhão, Bahia e Rio Grande do Norte.
A expectativa agora é que novas rodadas de negociação ocorram entre os sindicatos e a Febraban, com a esperança de que um acordo satisfatório seja alcançado em breve. Enquanto isso, clientes devem se preparar para possíveis transtornos no atendimento bancário nos próximos dias.